terça-feira, 30 de setembro de 2008

CICLO DE CINEMA DOCUMENTAL AMÉRICA LATINA - Zapatistas - 5 de Outubro

ZAPATISTA (2001)
Produção e direcção: BIG NOISE – www.bignoisefilms.com
Duração: 54m

Entrevistas a: Zack de la Rocha, Noam Chomsky, Mumia Abu Jamal, Daryl Hannah…
Zapatista é a versão definitiva da insurreição de Chiapas. É a história de um levantamento de indígenas maias, armad@s de paus e palavras, contra uma milícia do primeiro mundo. É a história de um movimento global que deteve 175 mil soldados federais, transformando a cultura política mexicana e internacional para sempre.


domingo, 28 de setembro de 2008

SOS Racismo na apresentação pública do Observatório dos Direitos Humanos


JORNAL DA UMA – TVI
Domingo, 20 Julho, 2008
Foi apresentado, no Porto, o Observatório dos Direitos Humanos. Esta organização é o resultado de uma parceria alargada de diversas organizações sociais e tem como principal objectivo contribuir para a denúncia das violações dos Direitos Fundamentais, em Portugal. As declarações do SOS Racismo são de Pedro Ferreira.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

CICLO DE CINEMA ASIÁTICO - The Bow de Kim Ki-Duk


28 de Setembro - 17 horas
THE BOW [HWAL] de KIM KI-DUK
Coreia do Sul, 2005, 89' - cor


Nunca se disse tanto em tão pouco.
Um sexagenário (Jeon Seong-hwan) é o proprietário de um barco velho, estacionado em alto-mar, que aluga a grupos de pescadores. Com ele vive uma adolescente de 16 anos (Han), com quem pretende casar quando atingir a idade legal — 17. Num dos grupos de pescadores surge um rapaz, estudante universitário (Seo), que se interessa por ela. A rapariga parece corresponder. No entanto, sempre que os pescadores se querem aproximar demasiado da bela jovem, o velho usa o seu arco para os fazer mudar de ideias.
Quando nos deparamos com um filme em que meras trocas de olhares, sorrisos e lágrimas são capazes de contar, só por si, uma grande história de amor, então temos de reconhecer que estamos diante de uma pérola rara. The Bow é isso mesmo, um filme rarissimo, tanto pela sua originalidade como pela sua beleza.
A história de amor de um velho pescador e de uma jovem de 16 anos, que ele resgatou há dez anos e com quem pretende casar no seu próximo aniversário, poderia ter sido tratado de mil e umas maneiras, cheias de diálogos punjantes e performances avassaladoras. Mas Kim Ki Duk é um cineasta-poeta e aqui só é permitido falar quem está fora da história. Os personagens principais não abrem a boca. Não precisam. Comunicam através do olhar, do silêncio e de um arco, que tanto serve para fazer música, ao som das águas, como para espantar todos aqueles que quiserem quebrar esta união insólita.
Só que há um dia em que tudo é questionado. Parece que o silêncio já não diz tudo, e que há mais para descobrir, a ver. De dos, o jogo passa a três, e com este novo jogador tudo se complica. Os sorrisos tornam-se lágrimas, a dor invade caras alegres. A jovem percebe a importância do sexo, o velho percebe a sua impotência diante o fulgor dos novos. E quando tudo podia acabar mal, de forma corriqueira e pouco interessante, Kim Ki Duk entra no universo mistico e fantástico e desenha um final como poucos poderiam imaginar. Um final tão belo que até custa a acreditar. No final, The Bow fica na memória como um filme inesquecivel, e Kim Ki Duk consolida a sua imagem de ave rara no universo cinematográfico.
Um filme assustadoramente belo.

Han Yeo-reum (a rapariga) passa todo o filme com um sorriso vazio no rosto. Poderíamos admitir que tal deriva da particular condição da personagem, isolada num barco em alto-mar desde tenra idade, mas Kim Ki-duk não está interessado em explorar esses aspectos de psicologia. A expressão da actriz é a mesma de «Samaria», onde interpreta uma estudante que se prostitui para juntar dinheiro para uma viagem à Europa.

Kim Ki Duk nasceu a 20 de Dezembro de 1960 na Coreia do Sul. Recebeu o Korean Film Foundations Prize pelo argumento de Trespassing. The Isle (2000) é um dos filmes de culto do Fantas. Em 2003 surpreendeu com Spring, Summer, Fall, Winter... and Spring e, um ano depois, com 3-Iron. Seguiram-se The Bow e, em 2005 Samaritan Girl. Time foi um dos grandes filme de Cannes 2006.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

CICLO DE CINEMA ASIÁTICO - Audition de Takashi Miike


21 de Setembro - 17 horas
AUDITION de TAKASHI MIIKE
Coreia do Sul / Japão - 1999 - 115' - cor


“Audition” (no original, “Odishon”, de 1999) conta a história de Shigeharu Aoyama, um homem de meia-idade que é viúvo e cuida do filho adolescente. A partir do momento em que o filho começa a interessar-se por mulheres, ele sugere ao pai que volte a casar-se e deixe de ser uma pessoa solitária. Shigeharu, que havia perdido a mulher há sete anos, percebe que talvez seja realmente a hora de voltar a apaixonar-se e ter novamente uma companheira.
Para tal, combina com um amigo, que trabalha com cinema fazerem uma audição para um filme que não existe. Assim, Shigeharu poderá escolher, entre diversas candidatas, aquela que irá tentar conquistar. Ele acaba por se interessar por Asami Yamazaki, uma garota de frágil beleza, rosto inocente e com um triste passado (foi obrigada a desistir da dança após um acidente). Eles começam a sair, e Shigeharu decide que aquela será a sua nova esposa. Após levá-la até um quarto de hotel, onde ela lhe mostra cicatrizes na perna que diz ter a ver com seu passado, eles fazem amor pela primeira vez.
No dia seguinte, ao acordar, o primeiro pensamento que ocorre a Shigeharu é que Asami irá aceitar seu pedido de casamento. Mas ela não está mais lá. Desolado, Shigeharu volta para casa, pensando que nunca mais irá ver seu grande amor. Quem era aquela mulher, afinal?
É uma grande história de amor, uma das maiores histórias de amor contadas no cinema contemporâneo. Uma dor imensa que parece não ter fim, para no final, perdermos tudo. Assim é o amor.

Takashi Miike, nasceu em 1960 em Osaka, no Japão) é um prolífico realizador japonês, tendo feito desde 1991 mais de sessenta filmes, em cinema, directo para vídeo e televisão (só em 2001 e 2002 terá realizado catorze filmes). Tornou-se muito popular em 1999 com Audition (Ôdishon). É melhor conhecido por encenar cenas chocantes de extrema violência e bizarras perversões sexuais. Prolífico, ecléctico e controverso cineasta, conhecido como o Tarantino oriental, capaz de criar sentimentos e sensações antagónicas no espectador.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

CICLO DE CINEMA ASIÁTICO - Samaritana de Kim Ki-Duk


14 de Setembro - 17 horas
SAMARITANA de KIM KI-DUK
Coreia do Sul - 2004 - 95’ - cor

Duas adolescentes Yeo-jin (Kwak Ji-min) e Jae-yeong (Seo Min-jeong) estão a juntar dinheiro para irem para a Europa. Enquanto Jae-yeong se prostitui com homens mais velhos que conhece na Internet, Yeo-jin faz a gestão da agenda de Jae-yeong e do dinheiro, além de vigiar a aproximação de polícia perto do motel onde Jae-yeong tem os seus encontros. Jae-yeong vê-se como uma moderna incarnação de Vasumitra, uma lendária prostituta que converteu homens ao budismo através do sexo. Yeo-jin fica chocada com o divertimento de Jae-yeong nestes encontros, e impede-a de voltar a perguntar aos clientes o que eles fazem na vida ou qualquer outra conversa que a aproxime deles e, consequentemente, que a afaste dela num misto de vergonha, culpa e ciúme.
A tragédia destas duas vidas paira, inevitável e irreversível, em cada cena, mas, no intuito de fazer desta mais uma bela experiência cinematográfica, prefiro não contar mais. Mas o Urso de Prata de Melhor Realizador no 54º Festival Internacional de Cinema de Berlim parece-me bastante merecido.
Kim Ki-duk impõe um ritmo quase sufocante nas revelações, nos sofrimentos e nas angústias de vidas que se rompem sem misericórdia. Neste drama está também envolvido o pai de Yeo-jin (Lee Eol), um detective da polícia viúvo, angustiado pela impotência para proteger a própria filha.
Kim Ki-duk não mostra a prostituição infantil de um ponto de vista dogmático ou racional. É na vertente emocional que Kim Ki-duk nos abre os olhos a este grave problema social. “Samaria” é sobre a procura da redenção, da busca de um perdão dentro de nós mesmos, da cura espiritual, do sexo como fonte de felicidade e da incessante luta por emendar erros e impor a justiça onde ela falha. “Samaria” divide-se em três partes: "Vasumitra," "Samaria," e "Sonata." Cada parte reflecte o ponto de vista de uma personagem: Jae-yeong, Yeo-jin e Yeong-ki, o pai de Yeo-jin, respectivamente, a primeira vivendo num mundo onde tudo é bom, a segunda numa dura realidade e o terceiro perdido num limbo de incompreensão.
Como os outros filmes de Kim Ki-duk, também “Samaria” é um poema cheio de metáforas. A pedra une em si todas contradições: é ela que recebe a queda, é arma, barreira, libertação e túmulo. Os banhos públicos onde as duas jovens se lavam, o duche onde Yeong-ki se refugia, o ar fresco do campo são os veículos de limpeza, mais espiritual que física.
Kim Ki-duk aborda o bem e mal com a sua inerente fusão, sem julgar, de uma forma crua e sem compromissos, mas também emocional e comovente. As cores do Outono dão o tom melancólico, o surrealismo dos sonhos reflecte o espírito torturado de personagens complexas, consistentes e credíveis (em três excelentes interpretações). Só Kim Ki-duk consegue dar tamanha beleza, e até inocência, a uma história negra sobre os efeitos adversos do desejo humano.