domingo, 29 de março de 2009

Marcha Pela Paz e Não-Violência


Trata-se de uma iniciativa impulsionada pela organização internacional "Mundo sem Guerras" em conjunto com um grande número de organizações, entre as quais o SOS Racismo, e pessoas dispostas a percorrer todo o planeta, pedindo o fim das guerras, das armas nucleares e da eliminação de todo o tipo de violência.

Começando na Nova Zelândia, no dia 2 de Outubro de 2009, data em que se comemora o Nascimento de Gandhi e que foi declarada pelas Nações Unidas como o "Dia Internacional da Não-Violência", a marcha percorrerá durante 90 dias os seis continentes, terminando na Cordilheira dos Andes (Argentina) no dia 2 de Janeiro de 2010. À sua passagem irá juntando todos aqueles que clamam pela paz, todos aqueles que sentem que é necessário despertar uma nova consciência social mundial a favor de uma cultura não-violenta.

Na MM podem chegar a confluir milhares ou milhões de pessoas de todos os campos e sectores sociais. Nesse sentido, é notável a grande diversidade ideológica, geracional, religiosa e cultural que está a convergir neste objectivo comum da Paz e da Não-Violência, podendo tornar a MM uma manifestação histórica
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sábado, 28 de março de 2009

Comunidades indígenas, perceber a perpetuação da resistência e do colonialismo


Foto: Ricardo Gomes

Aqui começamos a perceber, através do trabalho do SOS, uma das várias realidades que formam parte da vida de milhares de pessoas nas zonas mais remotas da Guatemala.

Fica, desde já, o compromisso de um texto mais geral sobre a história do país, mas para já apenas podemos começar por tentar entender que as actuais condições em que vivem milhões de indígenas camponeses, são uma herança muito pesada do colonialismo que hoje assume novas formas. Assim, por exemplo, estamos numa região onde o cardamomo, aurífera especiaria, é comprado aqui ao preço de 60 cêntimos por quilo às famílias produtoras, fruto de um monopólio familiar que constitui o único comprador no país.

Ironicamente chama-se a região de Zona Reyna, onde vivem cerca de 20 000 pessoas, divididas por 86 comunidades de diversas etnias e também ladinos, ou mestiços. São essencialmente camponeses, praticando uma agricultura de subsistência, onde o milho, feijão, xuxu, inhame e ervas constituem a alimentação básica. Pouca fruta e carne, cultivada e criada para venda, causam sérios problemas de desnutrição. Exportam, como já dissemos, cardamomo e café.

Parte do departamento de Quiché, estão debaixo da governação municipal de Uspantán, cujo presidente, corrupto e vendido aos sectores oligarcas e transnacionais vê na região uma mina de ouro para o seu enriquecimento pessoal. Daí surgir a alternativa de criar um novo município como forma de manter os recursos naturais longe de mãos gananciosas e sobretudo controlado pelas comunidades.

Assim, desde Agosto de 2008, um grupo de companheiras das Ilhas Canárias iniciou um compromisso de assessoria técnica, política e social, a pedido do recém criado “Comité ProNuevo Município”. Um grupo de pessoas, representando as comunidades, está a elaborar os primeiros trâmites para a criação de uma nova edilidade, tais como recolha de assinaturas e recolha de todos os dados estatísticos necessários para a realização de tal processo. Assim, em Agosto do ano passado, foram elaboradas centenas de entrevistas a líderes comunitários, foi estimulada a participação popular para a elaboração de uma Memória onde se apresentam todos os dados recolhidos. A responsabilidade da apresentação e entrega desse relatório ficou a cargo do SOS. Assim, no dia 15 de Fevereiro, reunimos os líderes das comunidades para discutir, trabalhar dados e lograr que fossem eles e elas a fazer a apresentação diagnosticada do resumo geral. Eram apresentadas em seis eixos temáticos, tais como infraestruturas, produção e comercialização, comunicação e participação, saúde, educação e recursos energéticos, analisados debaixo de um processo muito comum na região conhecido por DAFO, iniciais para Debilidades, Ameaças, Forca e Oportunidades.

Seria muito extenso elaborar toda essa lista discutida na reunião, mas interessa nomear alguns dos problemas gerais das comunidades. Assim, pela ordem de eixos acima descrita, faltam estradas, água potável, casas; muitas famílias não têm propriedade da terra, são exploradas por grandes oligarcas e obrigados sobretudo a praticar monocultura da qual não obtém benefícios; o enorme índice de analfabetismo (sobre o idioma castelhano imposto aos idiomas locais) afasta muitas pessoas da participação, seja política, seja social; as doenças são muitas provocadas pela precariedade em que vivem, faltam hospitais, vivem a horas deles e mortes de crianças ou de mulheres em trabalho de parto vão-se tornando normais; num país onde a educação secundária é na sua maioria privada podemos facilmente imaginar o enorme número de jovens sem estudos e finalmente se menciona que não existe uma única comunidade com luz eléctrica.

Temos então assim um resumo das condições de vida precárias destas comunidades que agora estão a começar um sonho de criar um município alternativo, onde os direitos dos povos indígenas sejam reconhecidos, tais como o direito de controlo dos recursos naturais e o direito à terra. São comunidades conscientes da necessidade de recuperar uma identidade arrancada pela espada, pelas balas, bombas e napalm ao longo da larga noite dos 500 anos, conscientes em recuperar a sabedoria ancestral sobre plantas medicinais, por um sistema agrícola ecológico de manutenção de recursos, por uma espiritualidade antiga que ainda perdura nos guias espirituais maias.

Será uma tarefa difícil uma vez que ameaças de cobiça e poder pairam sobre a região, amaldiçoada por ter tanta riqueza. Falamos de imensos rios limpos que estão debaixo de olho de grandes empresas multinacionais de produção de energia eléctrica. Como continuação da conquista, são na maioria europeias, tais como Endesa, Union Fenosa do Estado Espanhol e a INDE, italiana. Falamos de terras férteis que beneficiam de um clima húmido e generoso mas que também terá os seus dias contados se persistir o monocultivo debaixo de uma lógica de lucro ou for imposta a invasão do sector madeireiro ou de biocombustíveis na região. E como não há duas sem três, o interesse do sector de extracção mineira no subsolo da região ao qual estão aliadas grandes corporações da guerra tais como a SANDIA ou a Lockheed Martin. Uma vez mais, por não nos estendermos, aqui fica outro compromisso para uma análise mais profunda sobre estes problemas que são reais e afectarão a vida destas populações de uma maneira trágica, já que o destino programado para elas, após a perda das terras, será o trabalho mal pago nestas obras. Assim que o SOS, a Associação Canaria Siembra e colectivos guatemaltecos como Madreselva ou mexicanos, COMPPA, estão solidários e comprometidos com esta região.

É um longo trabalho, para o qual se volta a convidar as pessoas próximas ao SOS, que queiram para além de se solidarizar, aprender a viver a diversidade cultural que o nosso maravilhoso mundo tem para nos oferecer.

Links:

Comppa
Madreselva
Guatemala Medios Independientes


quinta-feira, 26 de março de 2009

Convite Para As Comemorações do Dia Internacional contra a Discriminação Racial

O Núcleo de Matosinhos da Amnistia Internacional Portugal tem o prazer de convidar Vs. Ex.as para participar nas Comemorações do Dia Internacional contra a Discriminação Racial (21 de Março) que este Núcleo da AI irá promover no Salão Nobre da Junta de Freguesia de Matosinhos, de acordo com a seguinte calendarização:


23 de Março, pelas 15:00 horas - Inauguração da exposição “Multiculturalidade e Direitos Humanos”.
(esta exposição ficará patente ao público até ao dia 27 de Março e resulta de uma oferta do Agrupamento de Escolas de Soure ao Núcleo de Matosinhos da A. I.).

26 de Março pelas 21:30 horas – Debate subordinado ao tema “A Discriminação Racial”, contando com a presença dos distintos activistas Nuno Silva e João Antunes do SOS Racismo.


a Coordenadora,

Otília Gradim Reisinho

segunda-feira, 16 de março de 2009

Crianças ciganas têm aulas em contentor separadas das outras


A Junta de Freguesia de Barqueiros, no concelho de Barcelos, vai formalizar, esta segunda-feira, o pedido de uma reunião urgente com a Directora Regional de Educação do Norte.

Na escola básica de Lagoa Negra, em Barqueiros, foi decidido colocar 17 alunos ciganos num contentor no recreio do estabelecimento de ensino, separando-os assim dos outros estudantes.
Os alunos, com idades entre os 9 e os 19 anos, frequentam desde o ensino básico até ao secundário. A Junta de Freguesia não aceita esta situação.
O secretário, António Cardoso, afirma estarmos perante uma atitude discriminatória e quer conhecer por isso as razões da Direcção Regional de Educação do Norte já que o agrupamento escolar não conseguiu justificar esta opção.

O SOS Racismo Porto está já a tentar entrar em contacto com as instituições envolvidas e já prestou declarações à comunicação social. Em breve teremos mais noticias sobre o assunto.

A noticia no JN:

"A EB1 de Lagoa Negra, em Barqueiros, Barcelos, colocou no presente ano lectivo 17 alunos de etnia cigana, entre os 9 e 19 anos de idade, num pré-fabricado em pleno recreio, separando-os dos restantes estudantes.
Os pais e alunos falam de discriminação. A Junta de Freguesia quer queixar-se à DREN. O Agrupamento escolar não comenta.
A turma é formada por alunos de etnia cigana de várias escolaridades, a maioria deles chumbados no ano anterior, tendo este sido um critério de selecção. O grupo é seguido por dois professores. "Isto está muito mal, nunca vi disto. Como se pode juntar crianças que nem sabem escrever o nome com jovens que estão quase a entrar no ensino superior?", reclamou João Martinho, que tem dois filhos a frequentar o estabelecimento.
No início, os pais acharam a situação "estranha", mas acataram ao serem informados que era "um método em que se aprende melhor", segundo um "novo projecto educativo".
Porém, a indignação cresce de dia para dia. E há estudantes tristes por deixarem amigos, o ritmo e rigor da EB 2,3 Abel Varzim, sede do agrupamento escolar. "Porque fui obrigada a sair da Abel Varzim se não fui só eu que reprovei?", criticou uma.
A responsável do café vizinho também repudiou o cenário. "Os meus filhos e netos estudaram cá com rapazes e raparigas de etnia cigana e nunca houve problema. Embora no recreio brincassem cada qual no seu grupo, nas aulas juntavam-se e foi bom para a formação de todos", disse Maria Miranda Machado.
Um cliente foi mais longe: "Tenho filhos a estudar e, se andassem aqui, acusava a escola de racismo. O cigano é um ser humano igual aos outros, onde já se viu tal coisa em pleno século XXI?".
O secretário da Junta de Freguesia define o projecto como "um 'apartheid', um gueto". "É desagregador, discriminatório, um péssimo exemplo. Nada tem de pedagógico ou dos critérios do Ministério da Educação. Não se sabe quem anda no 3º, 4º, 5º, 6º ano…", notou António Cardoso, continuando: "Estamos a pedir formalmente que nos dêem informações sobre o porquê desta opção. Se a escola e o agrupamento nada disserem apresentaremos queixa na DREN (Direcção Regional de Educação do Norte)".
O JN tentou contactar várias vezes a direcção do agrupamento, mas ninguém quis comentar. Tentou fazê-lo ainda ontem com responsáveis da EB1 de Lagoa Negra, mas foi bloqueado à entrada. Alguns alunos vieram para o recreio às 15.30 horas, no habitual intervalo da tarde, mas foram chamados e voltaram para o interior do contentor. Foram então corridas as persianas e lançados insultos à equipa do JN.
Que havia afinal a esconder? Logo depois saiu para o carro uma docente do edifício antigo, a ironizar: "Tem de vir cá a polícia". E poucos minutos volvidos chegou o professor de música, explicando que ia dar aulas de enriquecimento curricular, mas não aos alunos de etnia cigana, "não pediram isso (no contrato)". "

NUNO PASSOS in JN

quarta-feira, 11 de março de 2009

Dia Internacional da Mulher (Fora de Horas)


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Sobre o filme:

Segundo as crenças hindus, quando uma mulher se casa, converte-se em metade do marido. Portanto, se ele morre, considera-se que metade da mulher também morre. Os livros sagrados dizem que uma viúva tem três opções: casar-se com o irmão mais jovem do marido, arder com o marido ou levar uma vida de total abnegação. A família de Chuyia, uma criança de oito anos que se torna viúva no próprio dia do casamento, decide por esta última opção. Chuyia vai viver para um lar de viúvas, privada de qualquer regalia social, sonho ou esperança.

Água, o mais recente filme de Deepa Mehta, completa a trilogia da realizadora indiana, iniciada pelos filmes "Terra" e "Fogo".

A história decorre em 1938, na Índia colonial, em pleno movimento de emancipação liderado por Mahatma Gandhi. No lar das viúvas, liderado pela desprezível Madhumati, que entrega as mulheres mais jovens para a prostituição, em troca de marijuana, Chuyia conhece a doce Kalyani. As duas tornam-se amigas e cúmplices na dor e no desespero.

A água é o elemento da natureza mais constante neste filme. É na orla do rio que as viúvas se purificam e rezam. É aqui que muitas delas decidem morrer. É também junto ao rio que Kalyani conhece Narayan, um jovem idealista, seguidor de Gandhi, pertencente à casta social mais alta da Índia. Estudante de direito e entusiasta da revolução protagonizada por Gandhi, o jovem está disposto a quebrar os limites impostos por uma tradição secular. Tendo como mensageira a pequena Chuyia, o amor proibido entre Kalyani e Narayan poderá florescer.

Deepa Mehta comoveu-se com a situação precária das viúvas indianas. Segundo os censos de 2001, existem cerca de 34 milhões de viúvas neste país, a viverem em condições miseráveis, de acordo com um texto religioso que conta com mais de dois mil anos de vida.

Depois de um grupo de fundamentalistas hindus terem destruído por completo o cenário onde a realizadora estava a filmar, na Índia, Deepa Mehta recriou a cidade de Varanasi e o rio Ganjes no Sri Lanka. No elenco, conta-se com a beleza de Lisa Ray, com a super estrela de Bollywood, John Abraham, e com a sensibilidade e ternura de Sarale. Esta a criança de sete anos, nascida no Sri Lanka, descoberta por Deepa Metha, que nunca tinha actuado antes, não sabia uma palavra de indiano ou de inglês. Aprendeu as palavras foneticamente, com a ajuda de um tradutor.

Terminar "Água" foi difícil, mas era uma missão pessoal para a realizadora.

quarta-feira, 4 de março de 2009

2ª Formação Direitos Humanos - Observatório Direitos Humanos



No próximo dia 14 de Março de 2009, pelas 15h, no Clube Literário do Porto, vai ter lugar o 2º módulo de formação em Direitos Humanos, organizado pelo Observatório dos Direitos Humanos. A inscrição é gratuita, pedindo-se apenas que confirmem a V. presença por email.

Apareçam